Desmascarando a Inteligência Artificial

O utro dia, deparei-me com um meme sobre Inteligência Artificial (IA) em minha timeline. Ele fazia uma referência ao clássico epílogo dos desenhos do Scooby-Doo, em que o vilão é desmascarado e revelada sua verdadeira identidade. Para quem não conhece, ao final de cada episódio, a “máscara” do vilão era retirada. E lá estava, por trás da máscara, um rosto conhecido, um personagem insuspeito que já fazia parte da trama.

Para aqueles que ainda não viram esse meme, vou deixar um toque de suspense antes de revelá-lo. Primeiro, quero destacar o principal objetivo deste texto: “desmascarar” a IA de forma que você possa entender como ela funciona. Não sei qual é a sua opinião, mas acredito que só conseguimos aproveitar ao máximo uma tecnologia quando desvendamos o seu princípio de funcionamento. Ao compreendermos como uma tecnologia funciona, seus pontos fortes e fracos, podemos utilizá-la de forma mais eficiente e adaptá-la às nossas necessidades específicas. Aliás, essa visão é compartilhada no Brasil como uma das competências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC):

Este é o primeiro texto de uma série que apresentará o que considero essencial para que você possa dominar e aproveitar ao máximo a IA. Assim como na série Scooby-Doo, cada texto revelará um aspecto relevante da IA.

Senta que lá vem história

Considerando uma abordagem histórica, podemos dizer que a IA começou a ser concebida a partir de Aristóteles, quando formulou um conjunto preciso de leis que regem a parte racional da mente. Desde então, alguns filósofos já vislumbravam a criação de IA ao descrever a mente como uma máquina que utiliza conhecimento interno para tomar decisões. Por exemplo, em 1655 no livro De Corpore, Thomas Hobbes, escreveu no primeiro capítulo: “Por raciocínio, quero dizer computação… adicionamos e subtraímos em nossos pensamentos silenciosos, sem o uso de palavras”. Hobbes foi um filósofo natural proeminente, cuja abordagem materialista enfatizava as características mecânicas da natureza, discutindo até a criação de animais artificiais.

Mas vou acelerar a narrativa. A partir da década de 1990, pesquisadores no campo da IA passaram a adotar em suas pesquisas uma abordagem mais científica. Em vez de propor novas teorias, passaram a construir sobre teorias já existentes. No lugar de confiar na intuição, passaram a basear suas proposições em teoremas rigorosos e evidências experimentais sólidas. Foi, digamos, um reencontro da IA com a matemática em áreas como álgebra, cálculo, estatística e teoria dos jogos.

Esta minha digressão histórica não teve como objetivo trazer erudição ao texto, mas servir de gancho para, finalmente, desmascarar a IA. Portanto, vamos retomar a narrativa inicial do texto, acelerar a Máquina Misteriosa e, mesmo sem a ajuda do Fred, Daphne, Velma, Salsicha e Scooby, revelar o que está por trás da IA.

ESTATÍSTICA: Revelando os Truques da Inteligência Artificial

Aqui vale ressaltar um aviso. O funcionamento da IA tem como base conhecimentos e tecnologias desenvolvidos por áreas que vão além da matemática, como engenharia, física, ciência cognitiva, psicologia e filosofia. No entanto, o meu objetivo é explicar de uma forma simples como a inteligência artificial funciona. Acredito que a abordagem mais acessível seja analisá-la sob o ponto de vista da estatística.

Opa! Espera aí! Já estou ouvindo algumas pessoas dizendo:

Embora seja verdade que, para muitas pessoas, a matemática e, mais especificamente a estatística, tenha sido um vilão durante os tempos de estudante, é importante ressaltar que não precisamos nos aprofundar no assunto para compreender a relação entre IA e Estatística. A estatística é como o motor oculto dentro do cérebro da Inteligência Artificial. É ela que guia os algoritmos da IA permitindo que aprenda, adapte-se e evolua. A IA utiliza técnicas estatísticas para analisar e extrair informações de grandes conjuntos de dados, identificar padrões e tomar decisões baseadas em probabilidades.

Vou usar como exemplo a forma como o ChatGPT gera seus textos. De forma simples, podemos dizer que o ChatGPT analisou milhares de textos em busca de padrões de linguagem. Com base nesses padrões, ele prevê a próxima palavra levando em consideração as palavras anteriores. Podemos observar esse processo no próprio uso da ferramenta. Quando fazemos uma pergunta, o ChatGPT gera a resposta de forma iterativa, construindo o texto palavra por palavra. O principal objetivo disso é proporcionar uma interface com o usuário que dá a sensação de estar “conversando com alguém”. No entanto, tecnicamente, a resposta realmente está sendo construída palavra por palavra, ou seja, o ChatGPT não sabe antecipadamente o que vai responder. Isso ocorre como resultado de cada palavra escolhida.

Mais exemplos? Claro! Neste site, você encontrará artigos que continuarão a revelar o funcionamento da IA, ajudando você a dominá-la e aproveitar ao máximo seus benefícios. 🙂